23 de maio de 2007

Drinque do cinema


Para comemorar os 60 anos do festival de Cinema de Cannes, a Cointreau, único patrocinador de bebidas do festival, lançou um drinque que virou um hit das festas mais descoladas. O Cointreaupolitan Star é uma versão mais sofisticada do Cosmopolitan, só que com uma pitada de ouro em pó. O drinque poderá ser encontrado aqui em São Paulo, até o final festival, no Alucci, Alucci, Skye, Armani Caffé, Ruella e no A Coté.

Um comentário:

  1. Mais grife, menos cifra

    Por Elaine Guerini, para o Valor
    18/05/2007

    Conquistar a Palma de Ouro é uma façanha que nem sempre desencadeia sucesso comercial. Diferentemente do Oscar, uma festa em sintonia com a faceta business do cinema, por representar o prêmio máximo da indústria americana, Cannes é a celebração do filme de arte. E nesse nicho os títulos raramente impressionam pelos números, como "Ventos da Liberdade", vencedor da Palma de 2006, que arrecadou pouco mais de US$ 20 milhões no mundo. Já o premiado com o Oscar de melhor filme, "Os Infiltrados", faturou mundialmente mais de US$ 290 milhões - quantia que nem é considerada espetacular para o padrão de Hollywood.

    Para obter reconhecimento no maior festival do mundo, que inaugurou sua 60ª edição na quarta-feira, pesa mais ser uma grife cinematográfica, como Wong Kar Wai, Emir Kusturica e Gus Van Sant, alguns dos concorrentes à Palma deste ano, do que esbanjar fôlego nas bilheterias. Quem tenta conciliar o cinema de arte com o comercial são os compradores de filmes, os chamados distribuidores independentes. Como as produções assinadas pelos estúdios americanos, como Columbia, Warner, Fox e Universal, chegam às telas por meio de suas filiais espalhadas pelo globo, resta aos compradores independentes garimpar nos festivais. Principalmente no de Cannes, conhecido como Marché du Film.


    Na ensolarada Riviera Francesa, o valor de cada filme varia de acordo com o faturamento do mercado do comprador. Na negociação com o Brasil, que obteve no ano passado a receita de R$ 694,9 milhões com a venda de ingressos (segundo dados do Filme B), os títulos custam de US$ 10 mil a US$ 700 mil - valor que costuma dobrar com o P&A (publicity and advertising), ou seja, os gastos com publicidade e anúncios. Para os Estados Unidos, que arrecadaram cerca de US$ 9 bilhões nas bilheterias em 2006, segundo dados da Nielsen, os valores são muito mais altos, proporcionais ao tamanho do mercado.

    Diante de uma oferta gigantesca, com mais de 4 mil títulos à venda na Croisette, os filmes em competição e os selecionados para as mostras paralelas do festival acabam ganhando mais destaque. Mas sem nenhuma garantia de uma bilheteria expressiva para o comprador-distribuidor. A Palma de Ouro do ano passado, por exemplo, apresenta um fraco desempenho nas telas brasileiras. Ainda em cartaz, "Ventos da Liberdade", do inglês Ken Loach, dificilmente atrairá mais de 40 mil pessoas aos cinemas. "O resultado é decepcionante para um filme que gerou tanta mídia espontânea com a Palma"´, disse Claiton Fernandes, um dos proprietários da Califórnia Filmes, distribuidora nacional da produção que retrata um capítulo triste da luta pela independência da Irlanda.

    A expectativa da empresa, que comprou o drama logo após sua premiação, era a de atingir um público de pelo menos 130 mil pessoas - o mesmo número de ingressos vendidos por "Caché", outro título lançado no Brasil pela Califórnia. E "Caché" nem conquistou a Palma, ficando com o troféu de melhor diretor para Michael Haneke em 2005. "Muitas vezes, o que conta mesmo é a presença de atores conhecidos no pôster", comentou Claiton, referindo-se à atriz francesa Juliette Binoche, estrela de "Caché".

    "Paranoid Park", com que Gus Van Sant concorre novamente à Palma, também não chamará a atenção pelo elenco. E o filme protagonizado por atores desconhecidos está sendo oferecido ao Brasil por US$ 70 mil. A "cotação" do diretor já subiu na comparação com "Last Days", seu filme anterior, que foi negociado a US$ 60 mil na edição de Cannes de 2005. Essa escalada vem desde "Elefante", que deu a Palma ao cineasta, em 2003.

    Um dos mais cobiçados títulos independentes nesta mostra competitiva, "Prova de Morte", de Quentin Tarantino, já foi vendido ao Brasil, à Europa Filmes, antes mesmo de chegar ao concorrido balneário francês. O valor negociado com o país foi de US$ 500 mil - mais US$ 500 mil pela segunda parte do projeto "Grindhouse", intitulada "Planeta Terror" e dirigida por Robert Rodriguez. A quantia é um reflexo da legião de fãs de Tarantino, até mesmo no Brasil - onde o último longa-metragem do diretor, "Kill Bill Volume 2" (2004), foi visto por mais de 350 mil pessoas. E o diretor também já levou a Palma, com "Pulp Fiction - Nos Tempos de Violência" (1994), que arrecadou mundialmente cerca de US$ 215 milhões - uma renda impressionante para um filme que custou apenas US$ 8 milhões.

    "Ter um filme premiado com a Palma na sua pasta de representação sempre traz prestígio ao distribuidor", afirmou Denise Jancar, responsável pela Pesquisa e Aquisição do departamento internacional da Golden Filmes. A empresa teve experiências bem-sucedidas ao lançar no país dois vencedores do prêmio máximo na França: "Adeus Minha Concubina", ganhador em 1993, que vendeu 120 mil ingressos no circuito brasileiro, e "Segredos e Mentiras", agraciado em 1996, com 90 mil espectadores. "Os títulos reconhecidos com a Palma ainda costumam abrir os principais festivais e mostras no Brasil, além de garantir mídia em todos os veículos no lançamento no cinema e gerar expectativa no mercado de vídeo", completou Jancar.

    Com um batalhão de jornalistas credenciados, são mais de 4 mil, Cannes aparentemente só perde para os Jogos Olímpicos, vendendo-se como o "segundo evento de maior cobertura mundial". E seu tapete vermelho é o segundo mais badalado do planeta - atrás apenas do Oscar, cuja transmissão ao vivo tem público estimado em 50 milhões de pessoas. A vantagem do festival é a sua duração, de 12 dias.

    Ainda que os candidatos à Palma sejam filmes mais autorais, nunca falta glamour hollywoodiano à Croisette. Como Cannes não resiste à tentação de incluir alguns títulos comerciais na sua programação, como fez o ano passado com "O Código Da Vinci" e repete agora a estratégia com "Ocean's Thirteen", a comissão organizadora os seleciona fora de competição. Graças às produções mais acessíveis ao grande público, o festival assegura todos os dias visibilidade e repercussão mundial. Principalmente com a tradicional "montée de marches" (subida das escadarias do Palácio dos Festivais), em que todas as noites os famosos desfilam pelo tapete vermelho sob o flash dos fotógrafos.

    "Em Cannes, muitos agentes de vendas internacional trabalham, ao mesmo tempo, com grandes sucessos comerciais e com filmes mais autorais. E, muitas vezes, esses dois mundos não são tão diferentes", disse a cineasta Sandra Kogut, convidada para apresentar o filme "Mutum" na Quinzena dos Realizadores, uma das mostras paralelas. Mesmo sem concorrer à Palma, a diretora está honrada com o convite. "Estar num festival desse porte abre muitas perspectivas e possibilidades de uma vida mais longa e mais rica ao filme", acrescentou. Além da projeção na Quinzena, "Mutum" será apresentado aos compradores no mercado - onde cada exibição custa de 500 euros a 3 mil euros (dependendo da sala e do horário escolhido).

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