A primeira coisa que vem à cabeça, quando se fala em “blue bus” é aquele verso de Jim Morrison, do The Doors: “The blue bus is calling us...”, da canção “The End”, de 1966. Pois é... Julio Hungria e Elisa Araujo estão há 10 anos tentando mostrar que a Blue Bus é muito mais que isso. Blue Bus é a agência de notícias do futuro. A preferida por 10 entre 10 agências de publicidade que acompanham o noticiário pela internet. Uma referência tão forte, até para a imprensa-impressa, que Julio Hungria, o fundador, reclama quando dão uma notícia, um furo seu, e, em vez de colocar que a fonte é a Blue Bus ou o site Blue Bus, colocam que a fonte é “a internet”. A história e as histórias da Blue Bus estão no livro homônimo cujo subtítulo é: “Guia para acompanhar nossos primeiros 10 anos na estrada”, em edição independente, onde nomes como Caio Tulio Costa, Marcelo Tas e Pedro Doria discorrem sobre a importância do Ônibus Azul para a internet do Brasil. Os depoimentos de Ana Maria Bahiana, Ricardo Freire e Tutty Vasques são igualmente enriquecedores, mas nada supera os desabafos de Julio Hungria e Elisa Araujo (cúmplice e praticamente co-fundadora). Como outros Julios por aí, Hungria não se conforma com o “gap” entre o que acontece na World Wide Web e o que sai impresso sobre ela nos periódicos do Brasil. Como um dos Pais Fundadores da WWW em Terra Brasilis, Hungria brigou com Deus e o mundo por causa da sua idéia, sobreviveu à Bolha, às propostas milionárias (para vender a alma) e hoje se sustenta – muito bem, obrigado – com publicidade. Para além da coloquialidade e do tom agradável que consagrou a Blue Bus desde 1995, a coletânea deveria ser lida como o registro de um projeto bem-sucedido, em meio à falta de documentação – e ao silêncio impresso – que caracterizam este decênio de internet no Brasil.
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